Recebi hoje por email, uma carta-protesto assinada por alguns artistas de Salvador que estão se sentindo lesados pelo Governo do Estado. Segue carta, abaixo:
Estamos hoje vivendo em Salvador um período de enorme desrespeito e ineficiência na condução das iniciativas e projetos ligados à vida cultural e lazer em Salvador. Uma parcela significativa de artistas dessa cidade se encontra atualmente lutando para receber os pagamentos devidos por apresentações e serviços prestados para o Estado - em alguns casos, serviços realizados em 2008!! Após diversas medidas e tentativas de diálogo para o entendimento e resolução de tais situações, operadas individualmente ou em grupo, e sem respostas ou esclarecimentos justificáveis, decidimos expressar nossa indignação por meio desta carta aberta e coletiva.
São muitos os pontos que mereceriam ser levantados e discutidos pela classe musical em relação à cultura em Salvador, entretanto, nosso maior objetivo agora é tornar público à população baiana em geral, a situação de desrespeito e desconsideração com os artistas da música dessa cidade, todos eles profissionais sérios, competentes e com trabalhos reconhecidos. Esses artistas ao serem contratados para apresentações em alguns dos projetos do governo - em geral com cachês muito abaixo dos valores praticados para os artistas de fora - têm cumprido profissionalmente com as exigências, sem, entretanto, receber seus pagamentos no prazo. Só para ficarmos em alguns exemplos, citamos:
- ESPICHA VERÃO -projeto realizado pela Bahiatursa em março de 2009. Inexplicavelmente, alguns artistas receberam seus cachês e outros não. Esses artistas, após várias tentativas e sem obter resposta desse órgão, têm visto a Bahiatursa seguir contratando artistas de renome nacional por cachês altíssimos (São João e outros) sem quitar seus compromissos com os artistas locais.
-PELOURINHO CULTURAL – o atraso no repasse dos cachês de alguns artistas tem chegado a seis meses!!
-EDITAIS DA FUNCEB - atrasos no repasse do dinheiro, cancelamento do calendário por tempo indeterminado e adiamentos de resultados dos editais já publicados e com inscrições já feitas (ex.: Segundas Musicais) são alguns dos pontos negativos .
-CARNAVAL – atrasos desmedidos para uns, falta de pagamento para outros.
Um cantor, compositor, instrumentista ou banda não realiza seu trabalho sozinho. Para cada apresentação são envolvidos outros profissionais (músicos, técnicos de som e iluminação, contra-regras, produtores, etc.) que também se empenham numa realização de qualidade e que sobrevivem de seu ofício e de sua arte. A falta de remuneração, já diante de um cenário com tantas dificuldades, só fragiliza toda uma rede de trabalho, gerando descrédito e desestímulo entre os profissionais envolvidos.
Muitos de nós reconhecem as boas iniciativas no que diz respeito à cultura no nosso Estado e as pessoas que têm trabalhado para uma mudança de cenário. Se os modelos anteriores de gestão, inacessíveis a certos segmentos artísticos foram revistos, isso não reduziu a sensação de que, nesse momento, estamos passando por um momento grave e de muita insatisfação com a condução da política cultural do Estado - o que vem nos atingindo diretamente e respingando nas nossas produções. Que fique claro, entretanto, que continuamos a realizar e produzir de forma independente, e que a cena cultural, especificamente de Salvador, tem visto surgir a cada momento bons trabalhos e artistas; e que não temos esperado do governo o recurso para gerir nossas produções nem sustentar nosso trabalho, mas desejamos ver nosso direito e trabalho respeitados, sendo remunerados no prazo pelos serviços prestados.
Cientes de nosso posicionamento e na intenção de compartilharmos com todos que se preocupam e se interessam pela vida cultural e artística de nossa cidade, assinamos abaixo:
01. Cláudia Cunha - cantora e compositora
02. Manuela Rodrigues do Bomfim- 08517120-45- Cantora e compositora
03. Jelber Santos Oliveira - Instrumentista
04. Emerson Cabral - Compositor
Espero que a categoria, de fato, se mobilize!
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